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terça-feira, 27 de maio de 2014

Opinião: uma vitória da democracia europeia

Apesar de o comparecimento dos eleitores às urnas ter sido pequeno em muitos locais e de populistas de direita terem avançado significativamente, a eleição para o Parlamento Europeu foi muito importante do ponto de vista histórico. O pleito alterou o equilíbrio de forças na Europa em favor dos eleitores.

Pela primeira vez na história da UE (União Europeia), os principais partidos do Parlamento Europeu lançaram candidatos de peso, que fizeram campanha para o cargo de presidente da Comissão Europeia e participaram comícios realizados em grande parte da Europa, em um experimento que afetou mais de 400 milhões de eleitores.

O objetivo de criar candidatos principais era estabelecer um elemento central no que são, essencialmente, eleições nacionais, e também personalizar a campanha e intensificar a presença do pleito na televisão. A esperança era que a participação dos eleitores aumentasse bastante no domingo passado, o que possibilitaria manter os populistas de direita à distância na maioria dos países.

O experimento não funcionou como muitos esperavam que funcionasse.

Jean-Claude Juncker fez campanha em nome dos conservadores do partido Democrata-Cristão e Martin Schulz representou os sociais-democratas, de centro-esquerda. Ambos os candidatos assumiram a tarefa de criar uma eleição verdadeiramente europeia até a exaustão. O tempo inteiro eles tiveram que enfrentar uma série de pequenas e grandes adversidades que, por vezes, os colocaram sob grande tensão.

Os eleitores acertam as contas as contas
Apesar de seus esforços, os dois candidatos não conseguiram aumentar drasticamente o comparecimento dos eleitores às urnas. Eles tiveram mais sucesso em atrair os cidadãos às sessões de votação em países onde a economia está indo relativamente bem, como a Alemanha.

Em países como França, Itália, Grã-Bretanha, Áustria e Grécia, no entanto, as campanhas deles não tiveram sucesso em abafar os debates internos e tirar o foco dos pontos sensíveis. Em vez disso, os eleitores desses países – à esquerda e à direita – acertaram as contas com seus próprios governos. Para eles, os partidos antiUE representavam um meio para se alcançar um fim, e considerações nacionais superaram as questões europeias. Assim como aconteceu no passado, a eleição foi utilizada para punir os partidos nacionais.

No que diz respeito a essa questão, o experimento de reunir os principais candidatos foi um fracasso. No entanto, a eleição foi historicamente muito importante.

Pode até não ser o caso na Alemanha, mas o pleito certamente provocará ondas na política interna de alguns Estados-membros da UE e sacudirá o cenário atual. Acima de tudo, o equilíbrio de poder mudou na Europa – agora, o Parlamento Europeu e os eleitores têm um pouco mais de poder.

Ao personalizarem a eleição, os dois principais candidatos criaram alguns fatos que serão difíceis de mudar. É muito difícil imaginar que os líderes dos países-membros da UE serão capazes de evitar que Jean-Claude Juncker, o vencedor eleição, se torne o próximo presidente da Comissão Europeia se a maioria do parlamento o apoiar.

A tradicional "grande coalizão" no Parlamento Europeu, formada pelos democratas-cristãos conservadores (Partido do Povo Europeu) e pelos sociais-democratas de centro-esquerda (Socialistas e Democratas) desta vez será liderada pelos conservadores e provavelmente conseguirá a maioria necessária. Isso significa, em última análise, que líderes como a alemã Angela Merkel, que disse que o vencedor não se tornaria automaticamente o presidente da Comissão Europeia, terão de se submeter aos desejos dos eleitores. Embora os líderes ainda sejam livres para escolher os ocupantes de outros postos importantes na UE, incluindo os outros membros da Comissão, um cargo muito importante agora provavelmente ficará a critério dos eleitores. É assim que as coisas deveriam ser, e essa e é uma evolução positiva.

Embora o experimento com os principais candidatos não tenha dado tão certo quanto as pessoas esperavam, ainda assim ficou provado que ele foi um esforço compensador. Mesmo que o número de eleitores não tenha sido tão grande quanto poderia, essa eleição fez a Europa mais democrática.

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