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quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Erich Priebke: Restos mortais de criminoso de guerra nazista incomodam italianos

A Argentina, onde ele se refugiara com sua esposa sob a identidade de um tranquilo dono de hotel em San Carlos de Bariloche, sudoeste de Buenos Aires, não quer saber; Roma, para onde ele foi repatriado e condenado em 1998 à reclusão perpétua por sua participação no massacre das Fossas Ardeatinas em março de 1944, também não.

Os restos mortais do ex-oficial da SS Erich Priebke, morto na sexta-feira (11) aos 100 anos, na capital italiana onde ele vivia em prisão domiciliar, ainda não encontraram sua morada final.

"Eu farei tudo que estiver em meu poder para impedir o enterro de Erich Priebke em Roma", anunciou no domingo (13) o prefeito de esquerda recém-eleito da capital italiana, Ignazio Marino. "Seria um insulto para a cidade." As autoridades católicas mostram a mesma firmeza. "Não há nenhuma missa prevista em uma igreja de Roma para Erich Priebke", declarou o porta-voz da diocese de Roma.

No entanto, seu advogado, Paolo Giachini, notoriamente próximo da extrema direita, sustenta que ele tem direito a exéquias. "A Igreja pertence aos fiéis, e Priebke era um fiel", explica aquele que havia colocado um apartamento à disposição de seu cliente no bairro de Aurelio, oeste da Cidade Eterna. Aparentemente nenhuma paróquia de Roma havia recebido um pedido de cerimônia até domingo.

"Nós informaremos assim que recebermos a autorização de enterro", declara ainda seu advogado. "Somente a família e os amigos próximos participarão". Segundo a mídia italiana, o funeral deverá ocorrer na terça-feira (15), véspera da comemoração dos 70 anos da incursão do gueto de Roma, no dia 16 de outubro de 1943. O procurador e o chefe de polícia da cidade tomaram medidas para evitar qualquer manifestação na ocasião do enterro de Erich Priebke, independemente do lugar onde ele vá ocorrer. Uma suástica e uma inscrição "Honra a Priebke" foram descobertas no sábado em um muro perto de sua residência.

Para os italianos, o nome desse ex-oficial da SS, nascido em julho de 1913 em Hennigsdorf (Alemanha), está associado para sempre às Fossas Ardeatinas e à morte de 335 reféns em represália a um atentado contra uma coluna alemã, no dia 23 de março de 1944. Herbert Kappler, comandante da polícia militar alemã em Roma, e Erich Priebke, seu adjunto, primeiro designaram os condenados à morte do presídio de Regina Coelli para o pelotão de execução.

O número era insuficiente e eles acrescentaram mais de 200 prisioneiros, aos quais ainda somaram mais 75 judeus presos no gueto. O mais jovem tinha 15 anos. Todos foram sistematicamente abatidos com um tiro na cabeça no dia 24 de março. Na memória coletiva dos italianos, esse massacre a sangu -frio ainda ressoa como um massacre de Oradour-sur-Glane italiano.

No final da guerra, Herbert Kappler foi preso pelos ingleses e depois entregue às autoridades italianas em 1947, que o condenaram à prisão perpétua. Mas, em 1977, doente de câncer, ele aproveitou uma hospitalização para fugir. Ele morreu no ano seguinte na Alemanha. Já Erich Priebke fugiu para a América do Sul, onde em 1991 jornalistas da rede de televisão americana ABC o encontraram na Patagônia. Ele foi extraditado para a Itália em 1995.

Ao longo de seu julgamento, o "açougueiro das Fossas Ardeatinas", como ele era chamado, jamais manifestou o mínimo remorso, recusando-se a "trocar [sua] dignidade por uma exibição pública de arrependimento". Ele afirmava ter executado ordens de Hitler e de Berlim e que não teve responsabilidade no caso.

Em uma entrevista concedida na ocasião de seus 100 anos à rede de televisão italiana TGcom, ele ainda retomou as teorias revisionistas sobre a existência de câmaras de gás. "Ainda estou esperando provas", ele dizia. Aqueles que morreram nas Fossas Ardeatinas são anjos, disse Riccardo Pacifici, presidente da comunidade judaica de Roma. "Eles cuidarão de Priebke na eternidade."

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