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terça-feira, 29 de outubro de 2013

Cresce a irritação entre os aliados com a espionagem dos EUA

Edward Snowden, o 'delator' da NSA
As consequências diplomáticas dos vazamentos de documentos pelo ex-funcionário terceirizado da NSA Edward J. Snowden intensificaram-se na quarta-feira (23), com um dos aliados mais próximos dos Estados Unidos, a Alemanha, anunciando que a primeira-ministra Angela Merkel havia ligado revoltada para o presidente Barack Obama, buscando garantias de que seu celular não seria alvo de espionagem dos EUA.


Washington rapidamente prometeu que atualmente a chanceler, líder da mais poderosa economia da Europa, não é alvo de espionagem, e não seria, no futuro, mas claramente nada disse sobre o passado. Depois de um furor semelhante na França, a ligação foi a segunda vez em 48 horas que o presidente se viu falando ao telefone com um aliado europeu e argumentando que as revelações incessantes de coleta invasiva de inteligência por parte dos EUA não deveria minar décadas de confiança transatlântica duramente conquistada.

Ambos os episódios ilustraram o desafio diplomático para os Estados Unidos representado pelo volume de documentos que Snowden entregou ao jornalista Glenn Greenwald. Na semana passada, Greenwald concluiu um acordo com o fundador do eBay, Pierre Omidyar para construir uma nova plataforma de mídia que visa, em parte, divulgar os dados hoje em posse de Greenwald.

O dano às principais relações dos EUA continua a crescer. No mês passado, a presidente Dilma Rousseff, do Brasil, adiou uma visita aos Estados Unidos depois de reportagens da mídia brasileira - alimentadas pelo material de Greenwald - divulgarem que a Agência de Segurança Nacional tinha interceptado mensagens de Dilma, de seus assessores e da empresa estatal de petróleo brasileira, a Petrobras. Na semana passada, o jornal alemão "Der Spiegel", que disse que tem uma pilha de documentos de Snowden, sugeriu que a inteligência dos EUA teve acesso às comunicações do presidente Felipe Calderón, do México, quando ele ainda estava no cargo.

O secretário de Estado norte-americano, John F. Kerry, mal havia desembarcado na França na segunda-feira quando o jornal "Le Monde" revelou a vigilância em massa de cidadãos franceses, bem como espionagem de diplomatas franceses. Furiosos, os franceses convocaram o embaixador dos EUA, Charles H. Rivkin, e o presidente François Hollande expressou "extrema reprovação" diante da coleta de 70 milhões de chamadas telefônicas em 30 dias no ano passado e em janeiro deste ano.

Em um comunicado publicado no site do escritório de inteligência nacional nesta quarta-feira (23), o diretor James R. Clapper contestou alguns aspectos da reportagem do "Le Monde", chamando-a de enganosa e imprecisa, mas não forneceu detalhes.

Ele não chegou a abordar outra matéria do "Le Monde" que alegou que o monitoramento por parte dos Estados Unidos tinha se estendido aos "interesses diplomáticos franceses" na Organização das Nações Unidas e em Washington. As informações obtidas pela NSA desempenharam um papel significativo em uma votação da ONU em 9 de junho de 2010, em favor de sanções contra o Irã, segundo o jornal.

Dois altos funcionários do governo - do Departamento de Estado e do Conselho de Segurança Nacional - haviam chegado a Berlim há apenas algumas horas quando o governo alemão revelou, na quarta-feira, que recebeu informações de que o celular de Merkel estava sob vigilância.

Se isso for confirmado, é "completamente inaceitável", disse o porta-voz de Merkel, Steffen Seibert. As acusações seguiram-se às revelações do jornal "Der Spiegel" em junho de uma ampla operação de vigilância de comunicações alemãs por parte dos EUA, que atingiu um acorde especialmente inquietante em um país marcado pela espionagem dos governos nazista e comunista em seu passado.

Seibert contou que a chanceler, que foi criada na Alemanha Oriental comunista, disse a Obama que "entre amigos e parceiros, como a República Federal da Alemanha e os Estados Unidos da América têm sido há décadas, não deve haver esse tipo de espionagem das comunicações de um chefe de governo".

"Isso seria uma grave quebra de confiança. Tais práticas devem cessar imediatamente", disse Merkel, segundo Seibert.

O comunicado do governo não divulgou a fonte ou a natureza das suspeitas. Mas o jornal "Der Spiegel" disse em seu site que Merkel agiu depois do jornal ter feito indagações ao governo para uma reportagem. "Aparentemente, depois de um exame pelo Serviço de Inteligência Federal e pelo Serviço Federal de Segurança em Tecnologia da Informação, o governo encontrou motivos suficientes para confrontar o governo dos EUA", escreveu o "Der Spiegel".

O principal canal de televisão estatal da Alemanha, ARD, disse sem citar fontes que o suposto monitoramento tinha como alvo o celular oficial de Merkel, não o privado.

Cerca de uma hora após a notícia irromper em Berlim, Jay Carney, porta-voz da Casa Branca, apareceu diante dos repórteres em Washington relatando o telefonema entre Obama e Merkel e disse que "o presidente assegurou à chanceler que os Estados Unidos não estão monitorando e não vão monitorar as comunicações da chanceler".

Obama prometeu, como fez com Hollande na França, com o México e o Brasil, que as operações de inteligência estavam sendo reavaliadas, e que ele estava ciente da necessidade de equilibrar as necessidades de segurança com o direito à privacidade.

As primeiras revelações do "Der Spiegel" em junho quase azedaram a reunião planejada há muito tempo entre Obama e Merkel na capital alemã, que o presidente havia visitado quando candidato em 2008 e feito um discurso para 200 mil pessoas.

Em junho, o número de pessoas foi muito menor, convidados alemães e norte-americanos cuidadosamente selecionados para ouvirem Obama no Portão de Brandemburgo, símbolo da unidade e da liberdade de Berlim desde a queda do muro, em 1989.

Momentos antes, Obama e Merkel ficaram lado a lado na chancelaria, respondendo perguntas sobre a vigilância de telefone e email de estrangeiros por parte dos EUA. Pressionado pessoalmente por Merkel, o presidente disse que ameaças terroristas na Alemanha tinham sido frustradas por operações de inteligência ao redor do mundo, e Merkel concordou.

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