Social Icons

https://twitter.com/blogoinformantefacebookhttps://plus.google.com/103661639773939601688rss feedemail

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Movimento israelense "Preço a Pagar" insufla ódio contra minorias

Diante da fachada manchada de sua casa, no vilarejo árabe-israelense de Abu Gosh, oeste de Jerusalém, Ibrahim Hatem continua incrédulo: "É inexplicável. Sou israelense, adoro este país. Na rua, meus vizinhos são judeus." Na terça-feira (18), Ibrahim Hatem constatava, estupefato, os últimos efeitos da epidemia do vandalismo, atribuído ao movimento "Preço a Pagar", que não para de crescer. Em Abu Gosh, cerca de trinta carros foram vandalizados durante a noite. Pichações em preto despejam ódio nos muros: "Fora, árabes!", "Racismo ou assimilação".

No entanto, Abu Gosh é o município árabe mais dedicado a Israel. É o único vilarejo palestino a ter escolhido o lado israelense em 1948. "Se os autores – dos ataques – pretendem detonar o país, eles não podiam ter escolhido um lugar melhor", se preocupa Ibrahim Hatem.

O ataque, contra esse símbolo da coexistência entre israelenses e árabes, coloca o governo israelense em uma posição cada vez mais desconfortável. No dia 16 de junho, o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu se recusou a chamar de "terroristas" os autores desse vandalismo de caráter racial. Ele deu um categórico não ao projeto da ministra da Justiça, Tzipi Livni, de sancionar os atos de violência como "atos de terrorismo".

De um mês para cá, os ataques vêm se multiplicando em Israel e na Cisjordânia. Eles são atribuídos a extremistas judeus ligados ao movimento dos Jovens das Colinas, a segunda geração de colonos, partidários do Grande Israel (do Mediterrâneo até o Jordão). O modus operandi se repete: pneus furados, carros incendiados, pichações "Preço a Pagar", que muitas vezes mencionam o nome de Eviatar Borovsky, um colono de Yitzhak apunhalado por um palestino no dia 30 de abril ao sul de Nablus, na Cisjordânia.

Embora os atos de vingança entre palestinos e colonos da Cisjordânia não venham de hoje, a expressão "preço a se pagar" surgiu em 2008. O princípio é responder olho por olho a qualquer ação considerada contrária à colonização. Os ataques respondem àqueles supostamente cometidos por palestinos, e também ao desmantelamento de postos avançados ilegais de colonização por parte do exército israelense.

Igrejas esvaziadas
O conceito foi escrupulosamente teorizado, em 2009, na obra "A Torá do Rei", escrita por rabinos extremistas e que tende a justificar, na lei judaica, o assassinato de não-judeus em tempos de guerra. Teria sido coincidência? Após a publicação desse livro incendiário, o número de ataques contra palestinos disparou 144% entre 2009 e 2011.

Agressões à parte, é sobretudo a propagação do conceito do Preço a Pagar que espanta: "Hoje ele vai muito além da questão da Cisjordânia e mesmo da colonização. Ele se tornou o modo de expressão do ódio contra minorias", explica Barak Weiss, coordenador do coletivo "Tag Me'ir," que luta contra esse fenômeno em plena expansão, inclusive dentro das fronteiras de Israel. Segundo ele, desde setembro de 2011 ocorreram 25 ataques "rotulados" como Preço a Pagar dentro da Linha Verde, especialmente em cidades árabes-israelenses.

Desde o início do ano de 2012, eles têm visado cada vez mais locais de culto,  inclusive cristãos. No dia 31 de maio de 2013, os muros da abadia beneditina da Dormição, construída no Monte Sião em Jerusalém, foram recobertos de pichações raivosas como "Os cristãos são macacos". No dia 13 de junho, sepulturas foram vandalizadas no cemitério cristão ortodoxo do bairro histórico de Jaffa em Tel Aviv.

Uma evolução que preocupa as autoridades cristãs: "Os atos anticristãos sempre existiram. A novidade é que agora eles fazem parte de uma contestação política. No entanto, não existe nenhuma relação entre a colonização na Cisjordânia e as igrejas", lamenta o padre David Neuhaus, vigário patriarcal em Jerusalém.

Do outro lado, assiste-se a uma mudança nos critérios das ações. Após os atos impulsivos de vingança no início, hoje se trata de uma onda de ataques pensados e planejados. "Nenhum acontecimento imediato está ameaçando as colônias da Cisjordânia", observa Barak Weiss. Além disso, essa mudança não passou despercebida por Binyamin Netanyahu. No dia 2 de junho, ele fazia críticas aos "atos de hooliganismo contra os palestinos, sem nenhuma provocação ou justificativa".

Para além desses repúdios oficiais, o Estado israelense está longe de ter demonstrado sua eficiência em conter o fenômeno. Criticada por seu imobilismo, a polícia israelense está tentando provar sua boa fé através de números. Em dezoito meses, ela teria aberto assim 788 investigações, realizando 276 detenções que resultaram em 154 indiciamentos.

São dados que causam ceticismo nas ONGs israelenses. Segundo a B'Tselem, os indiciamentos dos últimos anos se limitariam a uma dezena de casos, no máximo. E, até hoje, nenhum deles culminou em julgamento e condenação.

Um comentário:

  1. São dados que causam ceticismo nas ONGs israelenses. Segundo a B'Tselem, os indiciamentos dos últimos anos se limitariam a uma dezena de casos, no máximo. E, até hoje, nenhum deles culminou em julgamento e condenação.==== São uns canalhas, seus pais ñ os educaram e ñ mostram aos mesmo o valor da tolerância e do valor do 'outro'...e ainda +, os polgrons, o nazismo...onde está Diário de Anne Frank lêia-se Dário de Fátima...trágico.SOS Palestina.Sds.

    ResponderExcluir