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quinta-feira, 16 de maio de 2013

Rei Abdullah retoma o controle diante da Irmandade Muçulmana

Abdullah II

Zaki Bani Ersheid está menos à vontade do que de costume. O vice-presidente da confraria da Irmandade Muçulmana jordaniana chega a admitir um semifracasso: "É verdade que não conseguimos encontrar o método certo para impor as reformas. Mas temos tempo; no final das contas, o regime sairá perdendo." O "regime", ele insiste, não o rei. No fundo, ele explica, com um pouco de dificuldade, "nossas reformas são as mesmas que as desejadas pelo soberano, mas o governo se recusa a aplicá-las".

E Ersheid teve de fazer essa adaptação: "O regime provou que não conseguia administrar sozinho a situação, assim como a oposição, então a única solução era que fôssemos parceiros do rei." Essa demonstração de realpolitik atende a uma constatação: a Irmandade não soube aproveitar o movimento das revoluções árabes para impor reformas no palácio.

Eles protestavam quase que de forma ritual às sextas-feiras. Depois acreditaram que a queda do presidente sírio, Bashar al-Assad, era iminente e que ela iria gerar uma ascensão islamita que fosse forçar o rei Abdullah 2 a fazer reformas. Outra expectativa frustrada.

Foi um adiamento? Marouan Chehadeh, barão da mídia e especialista no movimento salafista, acredita nisso, com o seguinte cenário: "A Irmandade Muçulmana tomará para si a parte do leão na Síria pós-Bashar, a guerra civil no Iraque vai favorecer uma revolução sunita e juntamente com a Irmandade no Egito, a Jordânia ficará cercada de um cinturão islamita, que obrigará o rei a se render".

"O soberano reverteu a situação a seu favor"
Por enquanto, Abdullah 2 está se mantendo bem e marcando pontos. "O soberano reverteu a situação a seu favor", afirma um conselheiro próximo do ministro jordaniano das Relações Exteriores, "e a Irmandade está se iludindo: se Bashar cair, os islamitas dominarão e a obsessão nacional na Jordânia será a segurança de nossas fronteiras; haverá uma unidade nacional."

A Irmandade Muçulmana, ele acrescenta, cometeu um grande erro ao se recusar a condenar os protestos dos salafistas jihadistas jordanianos (11 deles, de partida para a Síria, foram presos em outubro de 2012). Chehadeh acredita que o fenômeno está crescendo: entre 300 e 350 deles estão combatendo dentro da rebelião síria, sobretudo nas fileiras da Frente Al-Nusra, associada à Al-Qaeda, e 35 foram mortos, ele afirma, ao mesmo tempo em que constata que "na Jordânia, assim como em outras partes da região, a ameaça islâmica ainda funciona".

É verdade que a Irmandade Muçulmana sente um mal-estar quanto a seus laços com os salafistas. "Não encorajo os salafistas jihadistas", garante Zaki Bani Ersheid, "porque o povo sírio não precisa de combatentes, mas de armas. A única solução seria integrar os salafistas ao jogo político, seguindo o modelo egípcio."

A Irmandade, analisa Fahed Al-Khitan, editorialista do jornal "Al-Ghad", está um pouco desconcertada: "Ela pensava que os americanos, cedo ou tarde, abandonariam o rei, sendo que Washington só reforçou sua cooperação com Abdullah 2. Todos na Jordânia só falam em segurança, porque diante da ameaça síria é preciso primeiramente preservar a estabilidade do reino. Só que o problema da Irmandade é que uma parte crescente da população a associa aos grupos extremistas."

A Frente de Ação Islâmica (braço político da Irmandade Muçulmana) não deu sua palavra final. Além de contar com o rigor econômico para acentuar o descontentamento popular, ela acredita ter encontrado um novo cavalo de batalha com a presença de "tropas estrangeiras no reino", ou seja, os conselheiros militares americanos que deveriam proteger a Jordânia contra a ameaça de armas químicas sírias. Na verdade é um tema chave, visto que na margem oriental do Jordão logo se confunde Estados Unidos com Israel.

A Jordânia, guardiã dos locais santos muçulmanos de Jerusalém
Preocupado em mostrar a Washington que ele faz concessões políticas, o rei Abdullah 2 trouxe meia dúzia de ministros de origem palestina ao governo, e o Parlamento teve uma abertura parecida, o que o torna um pouco menos submisso ao diwan (o gabinete do rei). Isso explica por que foi votada uma resolução, no dia 8 de maio, em protesto contra o fato de a polícia israelense ter interpelado o grande mufti de Jerusalém. O primeiro-ministro concordou, ainda mais porque a Jordânia e a Autoridade Palestina oficializaram, no início de abril, o papel da primeira como guardiã dos locais santos muçulmanos de Jerusalém.

Entre o perigo islamita vindo da Síria e o forte sentimento anti-israelense e, em certos sentidos, antiamericano dos jordanianos, Abdullah 2 está conduzindo um jogo político arriscado, que em parte terá seu epílogo com a queda do regime de Bashar al-Assad.

Um comentário:

  1. O texto cometeu um erro grave, o texto disse
    a Irmandade não soube aproveitar o movimento das revoluções árabes para impor reformas no palácio.
    Não a irmandade muçulmana na Jordânia não teve o apoio estrangeiro para fazer na Jordânia que é diferente,apoios claramente encontrados na Síria, na Líbia, e muito provavelmente no Egito, Iêmem e Tunísia. Vamos parar para pensar; Porquê esses governantes, renunciaram tão cedo? Sendo que eram antigos aliados dos EUA, ora se eles vissem que teriam apoio (não oficial mais na prática) para permanecerem no poder, porquê não estariam como está o rei do Bahrein até hoje? No Bahrein meteram 100.000 pessoas nas ruas, isso dá quase 10% da população do Bahrein, e do que adiantou? Por mais que o Rei do Bahrein tenha tido mais braço de ferro, o fato é que os governantes dos três países (principalmente Egito e Tunísia), renunciaram muito cedo, se aquela oposição não tivesse nenhum apoio estrangeiro, não teria sentido desistirem tão cedo, muito menos sentido teria o exército do Egito que tinham tantos prevílegios, aceitar tão na boa uma mudança de regime, que não seria favorável a eles.

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