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sexta-feira, 24 de maio de 2013

O Irã está nas mãos de um homem e de seu clã


Akbar Hashemi Rafsanjani
O dia 21 de maio de 2013 permanecerá como uma data importante na história da República Islâmica do Irã: nesse dia, ela se tornou um regime ditatorial como os outros - monolítico. Um único clã quer deter todo o poder. É uma má notícia, sobretudo para o futuro da questão nuclear.

O Conselho dos Guardiões da Constituição, uma das muitas instituições encarregadas de preparar sua eleição presidencial do dia 14 de junho, deveria selecionar uma dezena de candidatos entre cerca de 600 postulantes. Ele deu seu veredicto na terça-feira (21), eliminando os dois únicos candidatos que podiam contestar a linha do Guia da revolução, o aiatolá Ali Khamenei. A menos que haja uma surpresa de último minuto --algo sempre possível no Irã--, a eleição está sob controle: só restam na disputa personagens conhecidos por serem totalmente submissos ao Guia.

O conselho vetou a candidatura de um dos pais da revolução de 1979 --que derrubou o regime do xá-- , o ex-presidente Akbar Hashemi Rafsanjani. Riquíssimo e com redes em todo o país,  Rafsanjani é a quintessência do homem do 'establishment'. Ele foi próximo do Guia, garantiu uma campanha de assassinatos de intelectuais democratas, mas também se posicionou nos últimos anos como opositor interno.

Os "reformistas" --tudo aquilo que o Irã possui de classes urbanas modernas, instruídas, parte dos militantes do "movimento verde", esmagado em sangue durante a eleição presidencial anterior, em 2009--, se alinharam atrás da candidatura de Rafsandjani.

O outro candidato que desafiava a linha do Guia, Esfandiar Rahim Mashaei, é o braço direito do presidente Mahmoud Ahmadinejad. Após dois mandatos, este último não pode se recandidatar. Em conflito cada vez mais aberto com Khamenei, que, no entanto, apadrinhou sua carreira política, o presidente em fim de mandato defendeu de forma determinada a candidatura de Mashaei, que também foi barrado na terça-feira.

Dentro do complexo jogo das instituições da República Islâmica, a presidência quase sempre foi um contrapoder em relação ao do Guia. Este encarna a autoridade religiosa, que tem o monopólio da decisão em último recurso, e não se envolve com a política cotidiana.

Esse equilíbrio, que já fora abalado em 2009, não existe mais. O Irã está nas mãos de um homem, Khamenei, e de seu clã, um grupo formado por uma minoria de dignitários religiosos e chefes dos Guardiões da Revolução, o braço armado do regime. Pela primeira vez desde 1979, uma única facção quer dispor de todas as alavancas de poder. Sua linha é a do Guia.

Intransigência quanto à questão nuclear --Teerã está acelerando seu programa de centrífugas--, apoio indefectível à Síria de Bashar al-Assad, ao Hezbollah libanês e recusa de um diálogo com os ocidentais: grande admirador da Coreia do Norte, o Guia vai consolidando suas posições. Mas, ao querer ele mesmo exercer de fato o poder executivo, ele muda de papel. Ele se coloca na linha de frente, se torna responsável pela situação econômica e estratégica do Irã. Tudo que anda mal deve ser atribuído a ele, em um país que ele está transformando em ditadura pessoal.

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