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terça-feira, 21 de maio de 2013

Enxadrista é oponente mais popular de Putin


Garry Kasparov, provavelmente o melhor enxadrista da história, é hoje o rosto internacionalmente mais conhecido da oposição a Vladimir Putin, o que também o transforma em uma das figuras menos vulneráveis entre os rivais do presidente russo. Outros, no passado, acabaram na prisão ou fora do país. Atualmente, o movimento de contestação a Putin precisa de outra voz de semelhante relevância.

Antes que os outros percebessem o ritmo dos acontecimentos na Rússia pós-soviética, Kasparov, inspirado no exemplo de antigos e célebres dissidentes do comunismo, alertou que seu país se precipitava para a ditadura. Isso o transformou em um personagem detestado no Kremlin, mas ao mesmo tempo incômodo em Washington e em outras capitais nas quais se busca uma acomodação com o governo de um país do tamanho e com a história da Rússia.

Seu principal âmbito de atuação é o dos direitos humanos, sobre o qual, esta semana, fez uma nova e enérgica denúncia no Fórum da Liberdade em Oslo, de que é um dos fundadores. Em uma conversa com "El País", Kasparov insiste no perigo que Putin representa para a Rússia e o resto do mundo.

El País: O que mudou nesta segunda presidência de Putin? Como vão as coisas?
Garry Kasparov: As coisas vão de forma desastrosa. A Rússia está concluindo o processo de transformação de uma ditadura de partido único em uma ditadura de um só homem. Isso é uma má notícia, mas ao mesmo tempo boa. Porque é uma agonia, o regime é menos flexível, tem menos capacidade de manobra, está entrando em sua fase final, que creio que não durará muito. Creio que nos próximos dois ou três anos veremos uma explosão maciça, mas a um custo muito alto para o país, porque Putin não sairá por ser impopular ou por perder as eleições. Putin conservará o poder até o amargo final, e a Rússia passou da fase em que pode haver uma transição pacífica do poder.

El País: Qual é o plano de Putin?
Kasparov: Estar no poder o tempo todo que se permita estar.

El País: Mas na Rússia existe uma Constituição, há leis.
Kasparov: Sim, mas tudo está condicionado e pode ser mudado de acordo com sua vontade de permanecer no poder. Seu governo já é ilegítimo porque está em seu quarto mandato de fato [conta os quatro anos de presidência de Dmitri Medvedev, embora tecnicamente seja o terceiro, e já demonstrou que a Constituição para ele é um pedaço de papel que pode utilizar à vontade.

El País: Qual é então a maneira de frear Putin?
Kasparov: A Rússia, o povo russo, perdeu uma grande oportunidade nos anos 1990 de mudar as coisas de verdade. Quanto ao regime de Putin, é muito difícil porque Putin teve muita sorte, e as pessoas mais velhas na Rússia o consideram uma melhora em relação aos tumultuados e perigosos anos 90.

El País: O que ficou daquilo conhecido como a Primavera Russa, os protestos de dois anos atrás?
Kasparov: Teve alguns resultados, entre outras coisas porque demonstrou que o regime não se importa com a opinião dos cidadãos e demonstrou a natureza ilegítima do governo Putin. Não se pode dizer que as pessoas que protestavam desapareceram. Essa gente continua aí. Até dezembro de 2011 não se encontravam mais de quatro mil pessoas nos protestos, hoje se reúnem no mínimo 25 mil. E nos momentos culminantes vimos mais de 150 mil pessoas na rua. Não é suficiente, mas o protesto está aí e o objetivo é conseguir manifestações realmente maciças nas ruas.

El País: Essa é sua estratégia contra Putin, protestos de rua?
Kasparov: Só os protestos conseguirão derrubar o regime. Putin não vai entregar o poder mediante um processo constitucional pacífico.

El País: E, pessoalmente, que papel o senhor tem no processo de derrubada de Putin e depois?
Kasparov: Não creio que este seja o momento para alguém fazer planos pessoais. Eu faço o que posso para derrubar o regime. Uma vez que meu país esteja livre, poderei considerar diferentes opções. Mas já tive glória suficiente em minha vida, por isso não tenho grandes expectativas pessoalmente. O importante para a Rússia, e certamente para o mundo, é derrubar Putin, porque enquanto estiver lá influirá em outros países, inclusive o seu.

El País: O que Putin pretende na Venezuela e na América Latina?
Kasparov: Todos os ditadores na face da Terra têm laços estreitos, seja Putin, o governo chavista, o Irã, Coreia do Norte, Síria... têm contatos. Fazem negócios juntos, mas, mais importante que isso, apoiam uns aos outros porque não querem mudanças e têm medo do efeito dominó. Temem que, se um cair, todos os demais cairão.

El País: O senhor acredita que Putin tentará reconstruir o império soviético?
Kasparov: Não, não é isso. Não é ideológico, é uma questão de máfia. Tudo se baseia no dinheiro e no poder, e não na ideologia.

El País: Sua relação com o governo da Venezuela é uma questão de dinheiro?
Kasparov: A Venezuela tem dinheiro. Eu creio que estão mais se protegendo um ao outro porque, se Putin cair, o governo chavista perderia um aliado fundamental no exterior. E, se o governo chavista cair, muito provavelmente todos os demais governos da América Latina que o seguem enfrentariam seguramente grandes problemas.

El País: Que posição Putin vai manter na crise da Síria?
Kasparov: Vai apoiar Assad até o final porque teme que se Assad cair muitos russos vão interpretar que Putin também pode cair. Essa é a grande irmandade dos ditadores, que se protegem até o final.

El País: As negociações atuais com os EUA sobre a Síria são, portanto, uma mera situação mascarada?
Kasparov: Bem, os EUA são uma superpotência e Putin precisa acalmar a ansiedade da burocracia Rússia, que pode temer que seus interesses não estejam bem defendidos nos EUA e na Europa. Putin tenta negociar com os EUA para conter os efeitos do caso Magnistky [o advogado russo cuja morte na prisão provocou como represália uma lei de sanções dos EUA contra funcionários públicos russos]. Esse é seu único objetivo. Não compartilham os mesmos interesses. Na hora da verdade, Putin não vai oferecer nenhuma solução viável no Oriente Médio porque seus interesses são completamente diferentes. Nós queremos que os preços do petróleo baixem para aliviar a economia mundial; ele quer que subam para que ele, os chavistas e os mulás se mantenham no poder.

El País: Então lhe parece equivocada a política de diálogo do governo de Barack Obama?
Kasparov: Não sei. Creio que se trata de um velho problema. Há 75 anos o mundo tentava apaziguar Hitler, e hoje se tenta a mesma política de apaziguamento com Putin. Não podemos negociar com ditadores; não funcionou há 75 anos e não vai funcionar agora.

2 comentários:

  1. não acho que putin seja os melhor dos presidentes. mas qual a opção? kasparov?
    ele chamou chaves de ditador, so ae eu ja tiver a certeza do que suspeitava, o kaspa ae é so um reaça alinhado com os interesses ocidentais

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  2. nossa, o nome do grande serguei korolev eu quase tive um susto! penso q sim, sao ditaduras fazer oq? se o povo quiser as derrubar vai. kasporov sabe disso.

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