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segunda-feira, 18 de março de 2013

Acuada pelo Norte, Coreia do Sul cogita opção nuclear


Os avanços dos programas norte-coreanos de mísseis e armas nucleares e as ferozes ameaças de guerra agravaram na Coreia do Sul o temor de que qualquer pequeno erro de cálculo por parte dos inexperientes líderes dos dois países possa ter consequências desastrosas.

Agora, essa sensação de vulnerabilidade está levando alguns sul-coreanos influentes a quebrarem um tabu de décadas, ao proporem abertamente que o Sul desenvolva seu próprio arsenal nuclear.

Duas pesquisas de opinião recentes mostram que dois terços dos sul-coreanos apoiam essa ideia -um reflexo, segundo analistas, do endurecimento das atitudes desde o teste nuclear subterrâneo norte-coreano de 12 de fevereiro, seu terceiro desde 2006.

"O terceiro teste nuclear foi para a Coreia do Sul o que a crise dos mísseis em Cuba foi para os EUA", afirmou Han Yong-sup, professor de política da segurança na Universidade Nacional de Defesa da Coreia, em Seul. "Ele fez a ameaça norte-coreana parecer muito próxima e muito real."

Nas últimas semanas, o Norte tem se aproximado de um limite crucial com seus programas de armas, com o lançamento bem-sucedido de um foguete de longo alcance, seguido pelo teste de um dispositivo nuclear que poderia ser suficientemente pequeno para caber na cabeça de uma ogiva.

Esses avanços foram seguidos por uma enxurrada de ameaças apocalípticas a respeito de "ataques nucleares preventivos" e de "destruição final" contra Seul. A intensificação da habitual linguagem belicosa norte-coreana chocou muitos sul-coreanos, que viam os Estados Unidos como o principal alvo do programa nuclear do Norte.

Aumentando a preocupação dos sul-coreanos, a Coreia do Norte e seu arsenal nuclear estão nas mãos do jovem ditador Kim Jong-un, cujas provocações parecem ser um esforço para assegurar o apoio dos poderosos militares do Norte.

O Sul também tem uma nova presidente, Park Geun-hye, que já prometeu retaliar caso sua nação seja atacada. O antecessor dela, Lee Myung-bak, foi muito criticado por causa da postura comedida quando a Coreia do Norte bombardeou em 2010 a ilha sul-coreana de Yeonpyeong, matando quatro pessoas.

Esse tipo de escaramuça limitada é mais provável do que um ataque nuclear, mas um episódio assim pode rapidamente inflamar as tensões e causar uma escalada de violência.

Duas pesquisas de opinião após o terceiro teste nuclear da Coreia do Norte mostraram que 64% a 66,5% dos entrevistados apoiam a ideia de que a Coreia do Sul desenvolva seu próprio arsenal nuclear. Os resultados são semelhantes aos de pesquisas feitas após o ataque de 2010 a Yeonpyeong.

Especialistas dizem que um número pequeno, mas crescente, de sul-coreanos teme que os Estados Unidos, por má vontade ou por restrições orçamentárias, possam um dia deixar de funcionar como uma apólice de seguros para Seul.

"Os americanos não sentem as armas nucleares norte-coreanas como uma ameaça direta", disse Chung Mong-joon, filho do fundador do grupo industrial Hyundai e ex-líder do partido governista. "Numa época de crise, não temos 100% de certeza de que os americanos irão nos cobrir com o seu guarda-chuva nuclear."

Os EUA, que têm 28,5 mil soldados na Coreia do Sul, dizem continuar comprometidos com a região.

Chung e outros dizem que, se os EUA não permitirem que a Coreia do Sul desenvolva suas próprias armas nucleares, deveriam pelo menos restaurar o equilíbrio nuclear na península da Coreia, reinstalando armas atômicas americanas na região -retiradas em 1991, no contexto da redução das tensões após o fim da Guerra Fria.

Muitos no Sul estão agora convencidos de que o Norte jamais abrirá mão das suas armas atômicas.

A Coreia do Norte acirrou tais temores ao declarar que abandonou o armistício de 60 anos que havia encerrado a Guerra da Coreia, numa demonstração de ira contra as novas sanções da ONU por seu teste nuclear. A Coreia do Norte já havia anteriormente ameaçado romper o armistício, mas a maior preocupação agora é que o país tome medidas para violá-lo na prática.

Nas ruas de Seul, porém, a vida segue normalmente.

A professora de inglês Chung Eun-jin, 26, disse no badalado bairro de Gangnam que não está muito preocupada, porque o Norte já fez muitas ameaças como essas ao Sul. Já o engenheiro Kwon Gi-yoon, 38, disse que, depois do terceiro teste norte-coreano, tornou-se favorável ao desenvolvimento de um arsenal nuclear próprio da Coreia do Sul.

"Ter uma Coreia do Norte nuclear é como enfrentar uma pessoa armada com as mãos nuas", disse Kwon. Os sul-coreanos, disse ele, deveriam ter "capacidade nuclear própria, caso os EUA se retirem como fizeram no Vietnã".

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