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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Vice-ministro sírio cobra "todos os envolvidos" para que impeçam a Síria de "mergulhar no inferno"


O regime do presidente Bashar Assad não dá sinais de ceder mesmo com o avanço dos combatentes da oposição até os arredores de Damasco. Em uma entrevista para a "Spiegel Online", o vice-ministro das Relações Exteriores, Faisal al Mekdad, culpa o Ocidente pela violência e diz que Assad atendeu todas as exigências da oposição.

Faisal al Mekdad
Spiegel Online: Sr. ministro, o senhor acabou de voltar de visitas ao Irã e à Rússia. O governo russo ofereceu asilo em Moscou ao presidente sírio Bashar Assad?
Mekdad: Por que o fariam? O assunto nunca foi discutido. Nós triunfaremos. A questão do exílio é apenas um elemento de guerra psicológica. O presidente Assad disse que nasceu aqui e morrerá aqui, seja lá quando isso vier a acontecer.

Spiegel Online: Mesmo seu aliado, o vice-chanceler russo, Mikhail Bogdanov, comentou recentemente que o governo sírio está perdendo controle de cada vez mais territórios. O que ainda lhe dá esperança?
Mekdad: Nós estamos otimistas e somos fortes o bastante para superarmos este desafio, mesmo contra o ataque de uma aliança de países ocidentais e Estados do Golfo que alegam estar promovendo a democracia e a liberdade. Até quatro meses atrás, Aleppo era uma das cidades mais seguras do mundo. Então eu parabenizo os defensores dos direitos humanos e da democracia pela destruição da Mesquita Umayyad, dos souks históricos e da cidade velha de Aleppo. Por outro lado, nós valorizamos a posição russa.

Spiegel Online: A Rússia também está buscando seus próprios interesses. Tartus é o único porto russo no Mediterrâneo, 50 mil russos vivem na Síria e o comércio de armas entre os dois países é significativo. Uma boa parte da destruição pode ser atribuída ao próprio regime.
Mekdad: Eu só posso alertar os europeus a não apoiarem esses grupos. Essas pessoas não estão apenas lutando contra a Síria, mas contra a ordem de todas as nações civilizadas, incluindo o seu país no futuro.

Spiegel Online: O governo sírio acredita em uma conspiração internacional. Como os países ocidentais e seus aliados se beneficiam com a queda do regime de Assad?
Mekdad: Israel e os Estados Unidos seriam os vencedores. Com a Síria dividida e colocada sob controle internacional, o conflito entre árabes e israelenses seria esquecido. Israel poderia viver em paz e manter as colinas de Golan e toda Jerusalém, além de continuar molestando os palestinos. Nós somos o único dentre os vizinhos de Israel que ainda representa a posição árabe.

Spiegel Online: Essa revolução foi originalmente um levante popular contra um Estado opressor. Muitas pessoas relataram ter sido presas por realizarem manifestações pacíficas e quase mortas nas câmaras de tortura do regime.
Mekdad: Por que não perguntar o ponto de vista dos outros sírios? Essas pessoas não representam a maioria. É notável que o presidente tenha respondido às exigências dos manifestantes. Há uma nova Constituição, a supremacia do Partido Baath foi encerrada, partidos podem ser criados, foram realizadas eleições para um novo Parlamento, novas leis para as manifestações foram aprovadas. Tudo isso é completamente ignorado, nada disso é reconhecido no exterior. Pelo contrário, foi após Assad ter mudado as leis que a escalada realmente começou. O que mais esses chamados revolucionários realmente querem?

Spiegel Online: Aparentemente foi muito pouco, tarde demais. As pessoas não acreditam mais em vocês.
Mekdad: Esse levante é em grande parte organizado no exterior, um levante financiado no exterior. Os grupos militantes recebem bilhões de dólares de certos países do Golfo. É um negócio mercenário global, multibilionário. O presidente Assad ouviu as exigências políticas de seu povo e deseja se reconciliar com ele, de fato com todos, como anunciou em seu discurso em 6 de janeiro. Se os combates e o apoio externo forem suspensos e todo mundo se sentar à mesa, então nós poderemos começar a moldar o futuro do país.

Spiegel Online: As potências estrangeiras e a oposição não ficaram impressionadas com o discurso do presidente. A luta visa o fim político dele. Como ele pode ser aquele a convidar as partes envolvidas para uma mesa redonda?
Mekdad: Não cabe a outros países decidirem sobre o presidente da Síria. Deixem isso para o povo sírio e para as cabines de votação. Nós não permitiremos que ninguém mine a soberania do país. Caso o presidente desista, não restaria nada aqui exceto morte e destruição. O presidente Assad está pronto para fazer de tudo para impedir isso, não importa o custo.

Spiegel Online: Por muito tempo, a Síria teve um bom relacionamento com a Turquia e um não totalmente ruim com a Arábia Saudita. Por que vocês agora se tornaram inimigos tão amargos de ambos os países?
Mekdad: Nós tentamos há muito tempo manter boas relações, mas fomos forçados a perceber que o irmão muçulmano Recep Tayyip Erdogan busca um plano completamente diferente. Ele deseja trazer legalmente a Irmandade Muçulmana de volta à Síria com a ajuda da Al Qaeda, da Frente Al Nusra e outros grupos religiosos extremistas visando estabelecer uma poderosa rede do Egito até a Tunísia, Líbia, Síria e Iraque –um novo Império Otomano. Como agora eles abrigam todo tipo de grupos armados –e abriram a fronteira síria para eles– Erdogan e seu ministro das Relações Exteriores, Ahmet Davutoglu, são pessoalmente responsáveis pelas mortes de milhares de sírios. Por que a Turquia não foi censurada pela ONU?

Spiegel Online: Qual é o problema entre a Síria e a Arábia Saudita?
Mekdad: A Arábia Saudita está sob imensa pressão americana e, portanto, está apoiando certos grupos religiosos que estão lutando aqui. Ao mesmo tempo, o país entende muito bem que ao fazê-lo, ele está trabalhando contra seus próprios interesses. Portanto, eles precisam se libertar o mais rapidamente possível da dependência americana.

Spiegel Online: Por que os americanos iriam querer que a Síria sucumba à violência e destruição?
Mekdad: A proteção de Israel é a única explicação. Começou com sanções e agora chegou a isto. Os chamados amigos da Síria, que se reuniram em Doha, Istambul e Marrakech, são na verdade os inimigos da Síria e estão sob comando de embaixadores americanos. Mas agora o assunto está fora do controle deles. Pelo menos agora eles colocaram a Frente Al Nusra na lista de organizações terroristas, mas infelizmente não as muitas outras que estão aqui, matando indiscriminadamente muitos de meus conterrâneos diariamente.

Spiegel Online: É verdade, como a propaganda na televisão síria diz diariamente, que a oposição armada consiste totalmente de terroristas?
Mekdad: Há todo tipo de grupo, incluindo muitos que são simplesmente equivocados. E é claro que nós, o governo, também cometemos erros na esfera socioeconômica. Todavia, a oposição armada queria a escalada desde o início. Eles assumiram essa posição desde o primeiro dia. Os provocadores se esconderam entre os manifestantes pacíficos e atiraram tanto em policiais quanto em manifestantes.

Spiegel Online: Aqueles que participaram das primeiras manifestações relataram de modo uniforme que o regime promoveu uma repressão vigorosa desde o início. Até mesmo médicos e enfermeiros que cuidavam dos manifestantes feridos foram presos e desapareceram nas masmorras da notória (polícia secreta) Mukhabarat.
Mekdad: Isso é propaganda de guerra, como o suposto massacre em Homs que as forças do governo teriam cometido um dia antes do Conselho de Segurança da ONU se reunir para discutir a Síria. No final nós prendemos os perpetradores. Eles mataram 60 pessoas com facas –liderados por um membro da Irmandade Muçulmana que instigou o ataque, precisamente na véspera da reunião.

Spiegel Online: Os rebeldes agora estão a 600 metros da cidade velha de Damasco. Dia e noite a população de Damasco ouve a explosão de granadas e o disparo de fuzis Kalashnikov. Por quanto tempo vocês suportarão isso?
Mekdad: Nós resistiremos por quanto tempo o outro lado quiser prosseguir.

Spiegel Online: O emissário especial da ONU, Lakhdar Brahumi, disse durante sua última visita a Damasco que a Síria agora tem a opção entre o processo político e o inferno.
Mekdad: Nós queremos o processo político...

Spiegel Online: ...mas apenas sob suas condições...
Mekdad: ...e todos os envolvidos devem impedir a Síria de mergulhar no inferno.

6 comentários:

  1. Muito boa a entrevista. Dá para entender um pouco o real motivo que Israel e EUA financiam essa guerra sangrenta. È Puro interesse em manter expansão do Israel.


    Edson DIAs

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  2. Israel de todos é o que tem o menor envolvimento nisso, até pq para Israel o Presidente Bashar Al Assad não representa ameaças, já um bando de fanáticos islamitas com armas quimicas em mãos sim representariam. Já o Catar e Arábia Saudita financiam isso sim, afinal de contas o que esses dois governos não fazem além de puxar o saco dos EUA/OTAN desde que acabaram com Saddam? O Emir do Catar hoje é o chefe de estado talvez com maior concentração de poder em mãos no planeta, mais mesmo assim se diz ironicamente defensor do que o ocidente chama de democracia e direitos humanos essa é boa, depois dessa do Emir pode se esperar tudo.

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  3. Aproveitar o assunto Síria, esse blog vem sendo muito tendencioso contra o Assad com reportagens como do El país, por ex;, já li aqui duas reportagens que descrevem os curdos como aliados dos rebeldes, aqui nessa reportagem que colocarei mostra bem o problema dos Curdos nas regiões onde avançam os auto denominados rebeldes
    http://www.presstv.ir/detail/2013/01/19/284476/kurds-punished-for-being-loyal-to-assad/

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    1. O blog é tendencioso ou você que não sabe interpretar os textos. Desde quando a etnia curda está livre de apoiar ou não apoiar Assad? Aqueles vídeos dos curdos pegando em armas em regiões na Síria são montagem?

      http://www.youtube.com/watch?v=xZaCDt4dSNY

      http://www.youtube.com/watch?v=ZkYTaXbSVjY

      Os curdos turcos são os que mais ajudam os rebeldes, enquanto os curdos sírios preferem a neutralidade ou combater os rebeldes.

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  4. Deem uma olhada nesse relato sobre o Irã e suas recentes armas desenvolvidas, achei exagerado o tom do autor contra o Irã, mais serve pra análise e reflexão, podem ter algumas verdades, é estranho o Irã atingir tais níveis debaixo de embargo
    http://www.strategypage.com/htmw/htmurph/articles/20130209.aspx

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  5. - Ainda não entendi a tática do al-Assad existem inumeros vídeos na Internet de tanques sem cobertura de infantaria, tem alguma razão concreta para enviar CC sem cobertura até para a desculpa de falta de pessoal, parece-me falsa, ou não?

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