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terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Le Monde: Vencedor das eleições no Japão não representa a liderança esperada pelos japoneses

Líder do PLD (Partido Liberal-Democrata), Shinzo Abe, diz que o governista PD (Partido Democrático) foi rejeitado nas urnas. O PLD obteve a maioria absoluta nas eleições gerais no Japão

Como era previsto, os japoneses castigaram sem dó o PD (Partido Democrata), no poder, e devolveram a maioria absoluta parlamentária ao PLD (Partido Liberal Democrata), do ex-premiê Shinzo Abe, que poderia se considerar o partido natural de um país que governou por mais de meio século, até sua retumbante queda em 2009. A maioria do PLD, junto com seu tradicional aliado Komeito, poderá chegar a dois terços de uma Câmara Baixa de 480 cadeiras, o que lhe permitiria escapar do controle do Senado por parte de seu rival derrotado nas eleições antecipadas do domingo (16).

No entanto, é pouco provável que esse movimento pendular mude de forma significativa a terceira maior economia mundial, estagnada desde o estouro de sua bolha em 1992. Assim como é improvável que Abe – um conservador que nega as atrocidades nipônicas da Segunda Guerra Mundial, à direita da maioria de seus antecessores – consiga encarnar a liderança política pedida pelos japoneses, desiludidos com o rolo compressor burocrático de seus partidos tradicionais; uma desilusão que nos últimos anos deu lugar a populismos direitistas tão alarmantes quanto aquele representado pelo Partido da Restauração.

Nem o PLD, apesar de sua retórica, se reformou durante sua breve travessia pelo deserto, nem cabe agora outorgar mais confiança a Abe do que a que foi dilapidada em seu desastroso mandato no governo de 2006-2007. Sua política vai desde a aprovação à energia nuclear até uma total frouxidão da política monetária e aumento dos gastos em uma economia cuja dívida pública é comparativamente maior que a grega. A retumbante vitória de seu partido conservador reflete menos um renovado entusiasmo dos eleitores do que a vontade de tirar o atual premiê Yoshihiko Noda, sepultado sobretudo pela forma como manejou a crise atômica de Fukushima, depois do tsunami de março de 2011.

O que Shinzo Abe pode trazer à política japonesa é uma guinada externa. Um dos lemas de campanha do próximo primeiro-ministro, partidário de mudar a Constituição para outorgar às forças armadas um papel que vai além da defesa atual, era endurecer a atitude em relação a Pequim, com quem Tóquio tem mantido uma tensa disputa sobre ilhotas desabitadas no mar oriental da China. A preocupação que o expansionismo militar chinês tem suscitado entre os japoneses impulsionou abertamente nas urnas a volta do PLD.

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