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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Separatistas belgas ameaçam nova instabilidade


Alguns países europeus correm o risco de se separarem? É uma pergunta que muitos no continente e no Reino Unido estão se fazendo nesta semana, após novos indícios de que alguns movimentos separatistas estão ganhando terreno.

O mais recente passo à frente de um desses movimentos ocorreu na segunda-feira (12), quando o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, assinou um acordo com o primeiro-ministro da Escócia, Alex Salmond, abrindo o caminho para o referendo de independência escocesa em 2014. Apesar de uma pesquisa recente sugerir que apenas 32% dos eleitores escoceses apoiariam a independência, o acordo está sendo saudado como histórico.

Potencialmente mais momentosos, entretanto, foram os resultados das eleições municipais na Bélgica, que viram o partido do separatista flamengo Bart De Wever obter ganhos significativos por todo o norte do país. Além disso, De Wever agora se tornará prefeito de Antuérpia, a segunda maior cidade da Bélgica.

O sucesso do partido N-VA de De Wever foi como uma surpresa. Há apenas seis anos, o partido recebeu pouco apoio nas eleições municipais. Mas em 2010, ele se tornou uma força, despontando em uma eleição nacional como o maior partido na região.

Políticas de impostos sob fogo
De Wever recebeu 37,7% dos votos em Antuérpia no domingo (14), contra 28,6% para o candidato da situação, o socialista Patrick Janssens. De Wever fez campanha com uma plataforma de maior autonomia para Flandres, o norte de língua holandesa da Bélgica. Ele há muito critica as políticas de impostos belgas, que veem uma parcela significativa da receita ser transferida do próspero norte flamengo para o sul francófono em dificuldades do país. Os flamengos correspondem a 6 milhões dos 11 milhões de habitantes do país.

Em seu discurso de vitória no domingo, De Wever direcionou os comentários ao primeiro-ministro francófono do país, Elio Di Rupo. “Seu governo de taxação, sem maioria em Flandres, não é apoiado pelos flamengos. Vamos trabalhar juntos em uma reforma que dê aos flamengos e aos francófonos o governo que merecem”, ele disse. Ele exigiu que Di Rupo trabalhe para o estabelecimento de uma confederação mais livre entre Flandres e as regiões de língua francesa da Bélgica.

De Wever foi um fator importante por trás do período recorde da Bélgica de 541 dias sem governo, após as eleições de 2010. Suas exigências de uma maior autonomia flamenga torpedeavam repetidamente as negociações de coalizão. No final, De Wever foi para a oposição.

Os editoriais alemães se focaram na terça-feira (16) nas eleições municipais na Bélgica.

O jornal “Die Tageszeitung”, de inclinação de esquerda, escreve:
“A agenda no país complexo, multilíngue, parece clara: haverá novamente uma atmosfera de crise entre os partidos que representam os vários grupos de línguas. E mais uma coisa está clara: a conversa sobre o ‘fim da Bélgica’ recomeçará. Não é como se acontecerá imediatamente. Mas não é preciso ser um profeta para ver que há uma bomba-relógio sob o governo federalista de Elio Di Rupo, uma coalizão que foi formada com grande esforço há menos de um ano.”

“Quanto ao significado das eleições municipais de domingo, De Wever e seu partido N-VA nunca deixaram dúvida de que se tratava de muito mais que apenas a prefeitura de Antuérpia. (...) As eleições parlamentares belgas estão novamente marcadas para 2014. E o leão flamengo, reverenciado obsessivamente pelos apoiadores de De Wever, ainda não está saciado.”

O jornal “Kölner Stadt-Anzeiger”, de Colônia, escreve:
“O desaparecimento da solidariedade entre a economicamente poderosa região de Flandres, de língua holandesa, e a Valônia em dificuldades, de língua francesa, é simbólica do desaparecimento da solidariedade entre o norte e o sul da Europa. O debate da Bélgica em torno do federalismo significa que o país enfrenta uma decisão com implicações para a União Europeia e seu futuro –ou com um centro fraco com estruturas estaduais fracas como a existente na Bélgica, ou um centro federalista forte como na Alemanha ou na Áustria. A forma como De Wever e as forças centrífugas exercendo pressão na Europa serão tratados determinará o futuro da UE.”

O jornal “Berliner Zeitung” de Berlim, de inclinação de esquerda, escreve:
“Foram mais que apenas eleições estaduais na Bélgica. O nacionalista flamengo Bart De Wever deixou isso claro após sua vitória na eleição para prefeito de Antuérpia. (...) Antes mesmo da eleição, ele disse que após a votação de 14 de outubro, nada seria o mesmo no país. Ele exigiu imediatamente uma reforma nacional e a criação de uma confederação.”

“Seria possível ignorar isso como um artifício subnacional em um país cronicamente fraco. Mas vozes semelhantes são ouvidas na Escócia, Catalunha e em Trentino-Alto Ádige. Em uma situação precária no coração da crise do euro, esses novos movimentos regionalistas representam um risco de instabilidade política renovada.”

Um comentário:

  1. Confederação não é bem separatismo, confederação é uma forma de vc ter estados autônomos dentro de um mesmo país, onde esse país o representasse na política externa. Sinceramente confederação seria para o Brasil imensamente melhor que o atual modelo federativo, nas confederações ás suas diferenças são respeitadas, são valorizadas os seus direitos, em nome de falsas unidades nacionais, se cria muita exploração e conformismo.

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