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terça-feira, 9 de outubro de 2012

Curdos se preparam para a queda de Bashar Assad

Soldados curdos Peshmerga vigiam a fronteira iraquiana com a Síria na região da província de Ninawa 

Saindo de uma rodovia que se estende a leste da cidade, algumas centenas de curdos de nacionalidade síria treinam para uma batalha, marchando e se exercitando com rifles.

Muitos deles são desertores do Exército sírio, mas não estão aqui para se incorporar à rebelião armada contra o governo de Bashar Assad. Eles se preparam para uma luta que acreditam que virá depois, quando Assad cair e houver uma disputa por poder e influência na Síria.

Eles querem uma região curda autônoma na Síria, uma perspectiva que veem como um passo na direção de vincular as minorias curdas do Iraque, Turquia e Irã sob uma só nação independente.

Mas esse desejo também ameaça atrair uma reação violenta dessas nações, que devem tomar medidas extremas para evitar a perda de território para um Curdistão ampliado.

O fato de os curdos estarem se armando para uma luta que pode ser decisiva para moldar a Síria pós-revolucionária sugere que a queda do governo não levará à paz, mas sim a uma guerra sectária que se alastrará por países vizinhos.

Em meio à guerra civil, quase 2 milhões de curdos sírios já obtiveram alguma autonomia em seus territórios -não por terem empunhado armas contra o governo, mas porque foi entregue às comunidades curdas o controle local.

As bandeiras curdas tremulam sobre antigos edifícios do governo, e foram abertas escolas que lecionam no idioma curdo, algo que Assad havia proibido.

"Estamos organizando nossa sociedade", diz Saleh Mohammed, líder do Partido da União Democrática (PYD), visto com profundas suspeitas por outros grupos curdos devido às suas ligações com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão turco (PKK). O PKK é considerado uma organização terrorista pelos EUA e a Europa.

Os curdos dizem estar se preparando para lutar na eventualidade de o governo tentar recuperar cidades curdas, ou de milícias dominadas por sunitas tentarem entrar em áreas curdas. "É claro que vamos nos defender", disse Mohammed. "Segundo a tradição, toda casa deve teruma arma."

Oprimidos durante décadas por autocratas árabes, tolhidos em seus direitos por sucessivos líderes turcos pós-otomanos, e traídos após a Primeira Guerra Mundial por potências aliadas que antes lhes haviam prometido a independência, os curdos estão determinados a aproveitar a agitação da Primavera Árabe para mudar seu destino.

"É um momento histórico para os curdos tirarem proveito, para conseguirem a mudança", disse Kawa Azizi, um professor de ciências políticas e político curdo-sírio de oposição.

Quando a rebelião começou, há quase 18 meses, muitos diziam que os curdos estavam esperando para escolher seu lado. Os curdos contestam isso, dizendo que sempre odiaram Assad.

Ao ceder controle das cidades curdas, o governo Assad pode priorizar a luta contra a oposição sunita. A manobra também incomodou Ancara, que teme que a Síria se torne uma zona livre de onde insurgentes curdos possam lançar ataques contra a Turquia. Ancara já sugeriu que se vê no direito de intervir em áreas curdas da Síria se considerar que a segurança da Turquia está sob ameaça.

Os curdos da Síria, divididos entre mais de 12 facções, parecem unidos em pelo menos dois aspectos: sua oposição a Assad, e as suspeitas diante das ambições do Exército Livre da Síria, principal grupo da oposição sunita.

"Acima de tudo, eles são árabes", diz Azizi. "Não queremos que os árabes nos controlem."

No campo de refugiados de Domiz, perto de Dohuk, uma cidade de tendas com quase 25 mil pessoas, cerca de 150 a 200 novos refugiados chegam da Síria a cada dia. "O único lugar aonde podíamos vir era o Curdistão no Iraque", disse Jawan Suleiman, 32, que vive no acampamento desde abril.

Ele disse que os curdos da Síria nunca estiveram neutros na rebelião. "Sofremos muito", afirmou. "Agora é hora de nos erguermos e termos nossos direitos."

Um comentário:

  1. Os curdos a única coisa que conseguem é esperar os outros se ferrarem pra pegar ás migalhas, falam muito da causa palestina, mais os curdos mereciam também o país deles, mais como politica tem nada haver com merecimento, duvido que tenham o país que merecem.

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