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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Conflito na Síria pode ser entendido como um 'tumor' que se alastra e deixa estragos


É uma devastação que progride como o câncer. Constante e persistente, jamais retrocede na destruição. De nada servem as mediações e os inspetores, os planos de paz ou os enviados especiais da ONU: primeiro fracassou Kofi Annan e agora cabe a Lakhdar Brahimi. A doença vai queimando etapas, cada uma mais destrutiva que a anterior, em um sofrimento interminável sem qualquer horizonte à vista.

Em um primeiro momento foi a repressão duríssima de uma ditadura militar contra os manifestantes pacíficos. Depois se transformou em confronto civil entre os que queriam derrubar o regime com meios muito escassos e a máquina bélica do Estado. Em seguida apareceu a guerra sectária, perfeitamente adaptada a um país de minorias em que uma delas, a alauíta, é a que detém o poder do Estado. Logo se converteu em guerra por procuração entre xiitas e sunitas, na qual o regime combate em nome do Irã e as guerrilhas de oposição, da Arábia Saudita e do Catar. Os primeiros com o apoio na retaguarda e no Conselho de Segurança da Rússia e da China e os segundos, dos EUA e Europa.

Agora está entrando em fase de metástase, com tentáculos que se estendem e golpeiam os países vizinhos, concretamente a Turquia. Depois dos intercâmbios de artilharia na fronteira turca, chegou à retenção por Ancara de um avião civil sírio em viagem de Moscou a Damasco. É crescente o tráfico de armas e de materiais bélicos dos países que apostam nesse tapete empapado de sangue. Também a presença de soldados e agentes de diferentes países ou de militantes da Al Qaeda. A preocupação em Washington é crescente pela eventualidade de que as armas que chegam do estrangeiro caiam nas mãos menos desejáveis.

As cifras da destruição já causam calafrios: 30 mil mortos e 300 mil refugiados em quase 20 meses. Mas ficarão curtas se deslanchar o conflito internacional que se anuncia. A atual guerra em fogo baixo poderá se transformar em um incêndio se algum dos vizinhos decidir seguir pelo caminho do meio.  Bashar Assad conta com armas químicas, que não terá escrúpulos em usar se seguir a pauta de crueldade demonstrada até agora. A Turquia está se retendo, apesar das provocações e de suas dificuldades com os curdos, atiçadas pelo regime. Israel, por sua vez, terá eleições antecipadas em um clima de ataque iminente para destruir a incipiente indústria nuclear iraniana e decidir de forma fulminante a crise síria.

Não há hoje maior centro de instabilidade, pois para lá confluem as forças e contradições que definem a geopolítica do Oriente Médio. Também na Síria se refletem as fragilidades e impotências ocidentais diante de um regime sanguinário como o de Assad, disposto a acender uma guerra internacional e perecer no incêndio antes de ceder uma polegada de seu poder.

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