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quarta-feira, 14 de março de 2012

Candidato socialista dá garantias de estabilidade para a Defesa na França


O candidato do Partido Socialista francês tentou tranquilizar os Estados Unidos quanto à retirada do Afeganistão. Ele também enviou sinais aos militares.

François Hollande quer balanço custo-benefício sobre a OTAN
Dizem que nenhum presidente assume o pesado cargo de chefe das forças armadas antes de se livrar de segredos do fogo nuclear. O candidato socialista François Hollande sabe que ele deve tranquilizar, neste assunto que supostamente é um dos pontos fracos da esquerda.

Seu discurso sobre a Defesa, no domingo (11), em Paris, é uma continuidade. Suas primeiras palavras assumiram a herança de François Mitterrand, que havia dito aos militares, no dia 17 de janeiro de 1995: “A guerra não é passado, isso pode ser o futuro, cabe a vocês serem os guardiões de nossa paz, de nossa segurança, deste futuro”. Depois de afirmar por diversas vezes seu respeito pela comunidade militar, Hollande concluiu com [o político socialista francês] Jaurès: “Os exércitos participam da coesão da Nação”.

Contatos em Washington
Um discurso tranquilizador, dirigido em primeiro lugar aos aliados da França. As fontes da Defesa contam que Washington não esconde sua preocupação desde que Hollande anunciou “para o fim de 2012” uma saída das “forças combatentes” do Afeganistão, e a demonstração de uma posição francesa menos atlantista dentro da Otan. O novo presidente, quem quer que seja ele, assim que for eleito terá um trabalho difícil na cúpula da Otan de Chicago, em 20 e 21 de maio. Esta cúpula precisa ser um sucesso político para o presidente Obama.

Na semana passada, Jean-Yves Le Drian, encarregado da Defesa para o candidato do PS, fez contatos em Washington. Ele encontrou Philip Gordon, secretário de Estado adjunto para a Europa, Marc Grossman, representante especial para o Afeganistão e o Paquistão, e autoridades no Pentágono. “Dissemos que a retirada do Afeganistão seria feita em cooperação com nossos aliados, e que não pediríamos que outros nos seguissem”, ele conta. Além disso, foi preciso explicar que a França não sairia do comando integrado da Otan, no qual entrou em maio de 2009.

Sobre a Otan, Hollande quer fazer um balanço “custo-benefício”. Segundo ele, a França “não teve nenhum benefício convincente”. As contrapartidas mencionadas por Nicolas Sarkozy – mais generais franceses em postos-chave, uma independência preservada, um fortalecimento da Europa na Aliança – não vieram, acreditam os socialistas.

Outro assunto complicado: a defesa antimíssil da Otan sobre território europeu, tal como proposta pelos Estados Unidos. A França se comprometeu a participar de maneira limitada. “Ela merece reflexão, uma vez que as verbas exigidas são consideráveis, e uma vez que ela poderia ter consequências sobre nossa força de dissuasão”, declarou Hollande. A dissuasão, ele repetiu, é “a arma de nossa autonomia”, e, segundo palavras emprestadas de Sarkozy, “o seguro de vida” do país. “Dissuasão, manutenção de nossa presença no conselho de segurança, intervenções militares convincentes”: esses continuarão sendo os pilares da Defesa francesa, garante Hollande.

A segunda maior dificuldade para Hollande é que ele também precisa tranquilizar os militares, que veem seus orçamentos diminuindo em toda a Europa. Sua equipe se dividiu sobre o assunto. Diante da crise, “pode ser forte a tentação de fazer da Defesa uma variável de ajuste. Economias terão de ser feitas. Mas também condições de nossa independência terão de ser respeitadas. A Defesa contribuirá nas mesmas proporções que as outras missões do Estado”, ele disse.

A equipe socialista defende “dizer a verdade”. Segundo um de seus porta-vozes, Bernard Cazeneuve, faltam “46 bilhões de euros” para financiar as intervenções do mandato anterior. “É provável que vá haver um impasse orçamentário, hoje ele está camuflado”, declarou Hollande. Então “haverá escolhas”. As prioridades irão para a inteligência (espacial, aviões não tripulados) e para as necessidades operacionais imediatas.

Hollande promete apoiar as empresas relacionadas à Defesa. “São 60% dos empregos industriais da França”, ressalta Cazeneuve. Mas o candidato não prometeu reindustrializar o país? Hollande diz estar contando com a Europa da Defesa. A ideia é “buscar o aprofundamento da relação franco-britânica”, “reavivar a cooperação com a Alemanha”. E “explorar todos os caminhos que permitam racionalizar o aparelho militar” europeu: mutualização de armamentos, especialização entre países, alianças capitalísticas.

E haverá menos operações externas? “O papel do Parlamento será ampliado para a aprovação das decisões de intervenção de nossas forças”, anunciou Hollande, que criticou a “prática exageradamente concentrada e muitas vezes desordenada” do presidente em exercício.

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