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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Conflito com o Irã está aumentando passo a passo


O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, e o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, participam das comemorações pelos 33 anos da Revolução Islâmica, na capital do Irã, Teerã, no último sábado (11)


Ao serem analisados em conjunto, os vários acontecimentos são desconcertantes. O Irã diz ter feito avanços na área de pesquisa nuclear, mas deseja retomar as conversações com o Ocidente. Teerã está ameaçando cortar o fornecimento de petróleo à Europa, e ao mesmo tempo há alegações de que o Irã estaria patrocinando ataques contra diplomatas israelenses. Os editorialistas dos jornais alemães estão tentando entender o que se passa de fato em meio a toda essa confusão.

Será que há alguém no comando do Irã? Essa é uma pergunta que muita gente no Ocidente está formulando após a onda de anúncios, refutações e medidas conciliatórias presenciada nesta semana no que se refere ao programa nuclear iraniano. No entanto, o mais estranho talvez seja o fato de haver quem acredite também que Teerã esteja por trás da série de ataques claramente amadorísticos contra diplomatas israelenses na Geórgia, na Índia e na Tailândia.

“O que nós estamos presenciando são ações provocadoras... cujo objetivo é desviar as atenções dos impacto evidente que as sanções internacionais estão provocando”, disse na última quarta-feira o porta-voz da Casa Branca, Jay Carner, aos jornalistas. “Não é incomum que o Irã tente desviar as atenções... com alguma peça de retórica ou pronunciamento”.

Carney estava se referindo especificamente às alegações iranianas, feitas na quarta-feira, de que Teerã havia feito avanços significativos no sentido de dominar o ciclo de produção de combustível nuclear. Em um pronunciamento ao vivo pela televisão, o presidente Mahmoud Ahmadinejad foi mostrado a observar aquilo que foi descrito como sendo a inserção da primeira vareta de combustível nuclear fabricada no Irã em um reator. Em uma outra declaração, a agência do notícias “Fars” anunciou que uma “nova geração” de centrifugadoras, uma peça essencial do processo de enriquecimento de combustível nuclear, havia entrado em operação nas instalações nucleares de Natanz.

No mesmo dia, a mídia estatal iraniana anunciou que o Irã estava se antecipando às próximas sanções europeias com a interrupção do fornecimento de petróleo a seis países da União Europeia – uma notícia que foi rapidamente refutada por Teerã e a seguir reformulada de forma a afirmar que o suprimento de combustível havia sido cortado apenas para a França e a Holanda. A seguir, Teerã confirmou que havia informado diplomatas europeus de que o Irã seria capaz de encontrar rapidamente novos compradores, caso a Europa impusesse as sanções planejadas.

Diversas teorias
Como se para aumentar a confusão, o principal negociador nuclear do Irã, Saeed Jalii, enviou uma carta à secretária de Políticas Externas da União Europeia, Catherine Ashton, na última terça-feira, oferecendo-se para retomar o diálogo há muito interrompido sobre o programa nuclear do Irã, que o Ocidente acredita que tem como objetivo a produção de armas atômicas. “Nós manifestamos a nossa disposição para o diálogo quanto a um espectro de diversas questões que poderiam criar as bases para uma cooperação construtiva e progressista”, afirmou o iraniano na sua carta. Na última quarta-feira, o embaixador do Irã em Moscou disse que o seu país não aceitaria nenhuma condição preliminar para tais conversações.

O que exatamente está acontecendo? Há várias teorias circulando, desde a crença de que Teerã estaria tentando provocar a alta dos preços do petróleo, até alegações de que as duras sanções do Ocidente sobre o regime estariam fazendo com que aumentassem as pressões sobre a liderança do Irã. Muhammad Sahimi, um especialista em questões iranianas da Universidade do Sul da Califórnia, disse ao jornal “The New York Times”: “Todas essas são facetas da mesma mensagem. O Irã está basicamente dizendo, 'Se vocês nos atacarem, nós retaliaremos, e nós não vamos sacrificar o nosso programa nuclear”.

Enquanto isso, Israel tem intensificado as suas acusações de que o Irã estaria por trás do ataque em Nova Déli, na última segunda-feira, que feriu quatro pessoas, incluindo a mulher de um diplomata israelense, bem como da descoberta de bombas em Tbilissi, na Geórgia, na segunda-feira, e em Bangkok, na terça-feira. “Nos últimos dias, as operações terroristas do Irã foram expostas para que todos as vissem”, disse na terça-feira o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu.

Muitos acreditam que o suposto complô poderia ser uma resposta a uma série de ataques executados dentro do Irã nos últimos dois anos que provocaram a morte de cinco cientistas que estariam trabalhando no programa nuclear do país. O Irã responsabilizou Israel por esses ataques.

Entretanto, o caráter não profissional dos três atentados a bomba e dos supostos planos para atentados nesta semana fez com que vários analistas ficassem confusos. Eles acharam particularmente estranho o episódio da Tailândia, no qual uma explosão ocorrida na casa em que os supostos executores do ataque estariam escondidos alertou as autoridades tailandesas para a presença deles.

“A execução dos ataques foi amadorística, o que não é característico da Força Quds”, disse o jornal “Israel Hayom”, em uma referência à unidade de elite vinculada à Guarda Revolucionária do Irã. “Essa célula, em particular, fez tudo aquilo que uma organização profissional toma todo o cuidado para não fazer”.

Na quinta-feira (16), editorialistas de jornais alemães também comentaram os fatos relativos ao Irã.

O jornal de economia e finanças “Handelsblatt” disse:

“Passo a passo, o conflito em torno das instalações nucleares do Irã está se intensificando. Seria de se esperar que o Irã reagisse ao boicote de petróleo imposto pela União Europeia. Teerã ainda está negando que tenha havido interrupção de remessas de petróleo, mas a pressão doméstica faz com que seja impossível para o regime aceitar as sanções da União Europeia. A questão agora é saber se medidas políticas continuarão tendo efeito. Teríamos já ultrapassado aquele ponto até aonde Teerã poderia reverter o seu rumo?

As sanções que o Ocidente impôs ao Irã estão sem dúvida mostrando os seus efeitos. A economia do Irã está em uma situação que há muito não se via. Mas os Estados Unidos e a União Europeia ainda não exerceram pressão máxima. Após o embargo de petróleo e financeiro, a única opção restante seria um bloqueio completo. Entretanto, é de se duvidar que o Ocidente seja capaz de colocar o Irã de joelhos com tais táticas. E isso significa que o perigo de que haja um ataque preventivo por parte de Israel está aumentando – antes que Teerã se torne imune a ataques aéreos com a transferência da sua infraestrutura nuclear para instalações construídas a grande profundidade.

Para impedir que Israel ataque as instalações nucleares do Irã, e que o Irã faça armas nucleares, é preciso que se dê início a uma nova iniciativa. E não apenas por parte dos Estados Unidos e da União Europeia. É hora de a Rússia e a China participarem”.

O jornal de esquerda “Die Tageszeitung” comentou:

“Seria muito melhor para os indianos, os georgianos e os tailandeses que Israel e o Irã resolvessem por conta própria as suas diferenças quanto a programas de pesquisa nuclear e à luta dos palestinos pela liberdade. Ataques executados em outros países são apenas um prelúdios daquilo que poderia estar por vir. Ninguém deveria se iludir, achando que não será afetado por essa escalada passo a passo das hostilidades entre Israel e o Irã. Os três ataques desta semana foram sem dúvida apenas o início”.

O jornal austríaco “Der Standard” opinou:

“A boa notícia é o fato de os ataques terem tido um caráter limitado. Mas a maior questão que se apresenta para os serviços de inteligência é: eles não conseguem fazer algo melhor do que isso, ou será que era isso exatamente o que eles queriam? A resposta brutal poderá surgir a qualquer momento na forma de um grande ataque. Mas poder-se-ia também argumentar que o Hezbollah e o Irã estão satisfeitos com pequenos, porém dolorosos, ataques contra Israel.

Embora o Hezbollah continue sendo o mais forte poder militar do Líbano, bem como um agente político influente no país, a organização atravessa uma fase ruim. Devido à sua aliança com o regime de Bashar Assad, na Síria, a reputação do Hezbollah nas ruas árabes sofreu um abalo. E os iranianos não estão se saindo melhor. Eles têm pouco interesse em proporcionar a Israel uma desculpa para desfechar um ataque com força total”.

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