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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Futuro político egípcio é disputado entre islâmicos e laicos


Egípcio mostra dedo manchado de tinta após votar no Cairo

A sede do Partido Nacional Democrático, de Mubarak, se ergue como um fantasma do passado sobre o Nilo, no centro do Cairo. Incendiado pelos manifestantes em janeiro, o edifício simboliza o sistema de partido único de fato contra o qual o Egito se rebelou depois de quase 60 anos. Dessas chamas surgiu uma infinidade de partidos. De repente, os eleitores devem escolher entre mais de 50 formações registradas, com forças muito desiguais. Aqui vai um guia desse labirinto político, onde a batalha entre islâmicos e laicos é a principal, mas não a única chave.

Islamismo
Ilegal sob Mubarak, a Irmandade Muçulmana conta com experiência política (seus candidatos poderiam entrar no Parlamento como independentes) e é a força mais organizada, com ativistas e redes assistenciais por todo o país. Seu recém-criado Partido Liberdade e Justiça é o favorito, com margens de vitória que vão de 20% a 40%. Em uma tentativa de moderar perfil religioso, concorre dentro da Aliança Democrática, que inclui partidos progressistas.

A coalizão aglutinava em princípio 34 partidos, mas depois sofreu várias excisões, especialmente por parte dos salafistas, que pregam uma interpretação mais estrita e anacrônica do islã. Os integralistas - entre eles o partido do antigo grupo terrorista Gamaa Islamiya - formaram sua própria aliança islâmica diante do que consideram uma derivação centrista da Fraternidade Muçulmana.

Laicos
O polo laico é liderado pelos Egípcios Livres, o partido fundado pelo magnata das telecomunicações Naguib Sauiris e muito combativo com a Fraternidade Muçulmana. Apesar de seu ideário pró-empresarial e liberalizador, formou a coalizão Bloco Egípcio com dois partidos de esquerda, o que coloca dúvidas sobre sua solidez em longo prazo.

Jovens de Tahrir
Desagregados em partidos de orientação muito diversa, a tentativa mais sólida de unir os jovens da Praça Tahrir é a Revolução Contínua, uma coalizão de partidos essencialmente de esquerda que inclui a Corrente Egípcia, fundada por líderes juvenis da Fraternidade Muçulmana que a abandonaram entre críticas a seus valores antiquados.

Oposição tradicional
Junto dos partidos recém-nascidos concorrem várias formações que eram toleradas sob o regime Mubarak. É o caso do Wafd (Delegação), o Gad al Yedid (Novo Amanhã) ou o Tagammu, que têm a vantagem de contar com estruturas mais bem organizadas que seus rivais. No entanto, sobre todas elas, em maior ou menor medida, pesa o mesmo mal: a falta de credibilidade depois de anos participando da farsa multipartidária do velho regime.

Restos do regime
São chamados de "felul", literalmente, os "restos" do dissolvido Partido Nacional Democrático, que formaram até seis partidos. Podem se apresentar nas eleições graças ao Tribunal Supremo, em uma decisão muito polêmica tomada há poucas semanas. Entre eles destaca-se o fundado por Hosam Badraui, com uma imagem de reformista contra a velha guarda e a quem Mubarak, desesperado, nomeou secretário-geral quando eclodiu a revolta. Badraui se demitiu depois de alguns dias e foi muito hábil para se afastar rapidamente de seu velho amo.

Depois de 30 anos de ditadura, dois ex-membros do PND continuam tendo muita influência, com estreitas ligações com empresários e líderes locais, especialmente nas áreas rurais onde os clãs decidem o voto da comunidade. "Tenho 40 deputados no Parlamento", explicou sem se alterar a este jornal um riquíssimo empresário há alguns meses no Cairo. "Controlo regiões inteiras, e ali votam o que eu digo."

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