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domingo, 5 de dezembro de 2010

Cuba-Venezuela, "o eixo da maldade"

Depois do “eixo do Mal” tão caro a George Bush (Iraque-Irã-Coreia do Norte), eis que surge o “eixo da maldade”. É assim que a embaixada americana em Caracas classifica a aliança entre Cuba e Venezuela, em um relatório secreto de janeiro de 2006 obtido pelo WikiLeaks e revelado pelo “Le Monde”. No entanto, a embaixada está levando muito a sério “a ampla cooperação dos cubanos com os serviços de inteligência venezuelanos”.

Havana também está ajudando Caracas com a naturalização dos estrangeiros residentes na Venezuela e o estabelecimento de carteiras de identidade. “O papel dos cubanos no plano militar é menos claro, mas não deve ser menos significativo.” Os agentes de ligação de Havana ocupam as posições que antigamente eram detidas pelos oficiais europeus ou de outros países latino-americanos. “Os serviços de inteligência venezuelanos figuram entre os mais hostis aos Estados Unidos na região, mas ainda carecem de expertise, algo que os serviços cubanos podem lhes fornecer”, observa o documento.

O treinamento é feito tanto em Cuba quanto na Venezuela e mistura “doutrinamento político e instrução operacional.” “Os agentes cubanos de inteligência têm acesso direto a Chávez e muitas vezes lhes fornecem relatórios sem passar por seus homólogos venezuelanos.” Os cubanos seriam ativos em diversos ministérios e numerosos na agricultura. Seu número exato “é difícil de determinar”, uma vez que eles se mantêm “discretos”.

Cerca de 350 pessoas pegam de três a cinco voos comerciais ou militares diariamente entre os dois países, sem parar na alfândega ou na polícia fronteiriça. Milhares de cubanos têm documentos venezuelanos. Em agosto de 2006, outro memorando apresentava uma cifra de 40 mil cubanos presentes na Venezuela. Esse segundo texto avalia o impacto da doença de Fidel Castro sobre seu amigo Hugo Chávez. O líder bolivariano poderia se tornar mais “imprevisível” em caso de morte do dirigente cubano. Na verdade, o presidente venezuelano é um “mestre tático”, mas “não é tão bom para gerir as crises”. Ora, seu mentor cubano é um “hábil gerenciador de crises” (superb crisis manager), segundo os americanos.
Clínicas custosas

Ele provou isso diversas vezes, pressionando Chávez a resistir ao golpe de Estado de 2002. “Foi Castro que concebeu as ‘missiones’ [programas sociais] para que a popularidade de Chávez voltasse a subir”. Justamente, a “missão Barrio Adentro” – clínicas instaladas nos bairros pobres por equipes cubanas – é assunto de diversos memorandos americanos. A avaliação da embaixada é severa: custoso, esse programa é ineficaz e não representa uma solução a longo prazo.

Sua implantação foi feita em detrimento dos hospitais públicos, cuja crise resultou em crescentes protestos, observa uma mensagem de dezembro de 2009. Os médicos cubanos que pediram visto para os Estados Unidos permitiram que os diplomatas fizessem um balanço detalhado do funcionamento de “Barrio Adentro”. Segundo suas confidências, ali os cubanos são rigidamente vigiados por seus superiores, seus passaportes são confiscados com frequência. Eles recebem uma parte mínima de sua remuneração, bloqueada em uma conta para garantir que eles realmente voltarão a Cuba após os dois ou três anos de serviço.

Eles trabalham em condições precárias, sem os medicamentos necessários e se veem obrigados a inflar os números de tratamentos. Uma mensagem de abril de 2010 menciona 739 candidatos a partirem para os Estados Unidos entre esses funcionários. Muitos deles tiveram de subornar a polícia fronteiriça em Caracas para não serem entregues às autoridades de Havana. Outros tentaram a sorte atravessando a fronteira terrestre com a Colômbia.

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