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domingo, 19 de setembro de 2010

Estudo mostra ceticismo crescente em relação à guerra do Afeganistão

Barack Obama, visita o cemitério nacional de Arlington
Quando o presidente George W. Bush estava na Casa Branca, parecia que os norte-americanos e europeus não conseguiam concordar em quase nada. Uma nova pesquisa mostra que, no que diz respeito aos assuntos quentes do mundo, pouca coisa mudou com Barack Obama.

No tratado “Do Paraíso e do Poder”, de 2003, sobre os caminhos divergentes trilhados pela Europa e os Estados Unidos após a Guerra Fria, o estudioso de política internacional norte-americano Robert Kagan escreveu: “nas grandes questões estratégicas e internacionais de hoje, os norte-americanos são de Marte e os europeus são de Vênus.”

Enquanto a Europa, escreveu Kagan, estava concentrada em construir um paraíso político de unidade dentro de um mundo civilizado regulado pela lei internacional, os EUA se ocupavam em lutar contra os “Estados nocivos” que queriam destruir a ordem mundial. A pesquisa transatlântica anual realizada pelo Fundo Marshall alemão mostra que, pelo menos no que diz respeito às questões de segurança, Kagan não estava tão equivocado.

A diferença, descobriu a pesquisa, é particularmente pronunciada em relação à questão do Afeganistão. Menos de um quarto dos entrevistados em 11 países da União Europeia se mostraram otimistas de que a Otan conseguirá por fim estabilizar a situação no Afeganistão, com apenas 10% dos alemães respondendo afirmativamente. Por outro lado, pouco mais da metade dos norte-americanos entrevistados achavam que a aliança ocidental será bem sucedida. Depois de um ano de manchetes negativas, os números caíram de ambos os lados do Atlântico, mas a queda foi mais significativa na Europa.

Além disso, quase dois terços dos europeus entrevistados gostariam que seu país reduzisse o número de tropas no Afeganistão ou se retirasse completamente. Os EUA, por outro lado, foram o único país entre os 13 que participaram do estudo (que incluiu 11 países da UE e a Turquia) onde a maioria (58%) foi a favor de manter ou aumentar as tropas.

Uma distância grande


A pesquisa de “Tendências Transatlânticas”, que mostra uma visão anual das relações entre os EUA e a Europa desde 2003, há tempos mostra uma grande distância entre as atitudes de europeus e norte-americanos no que diz respeito a problemas mundiais significativos. Os europeus, por exemplo, são bem mais céticos em relação a um resultado positivo no Iraque do que os norte-americanos, e a pesquisa desse ano descobriu que apenas 28% dos europeus estão otimistas, enquanto 59% dos norte-americanos acham que o Iraque pode ser estabilizado.

Até o Irã, apesar de uma preocupação de ambos lados do Atlântico de que o país possa desenvolver uma arma nuclear, revela uma diferença drástica entre as abordagens dos EUA e da Europa em relação ao conflito. Uma maioria relativa de entrevistados norte-americanos prefere uma abordagem punitiva, e 40% preferem as sanções. Do outro lado do oceano, uma maioria relativa de entrevistados da UE (35%) preferem incentivos econômicos a outras alternativas.

A pesquisa, baseada em entrevistas com mil adultos escolhidos aleatoriamente nos países participantes, também revelou uma diferença severa entre os dois lados do Atlântico nas atitudes em relação ao presidente norte-americano Barack Obama. As taxas de aprovação do presidente continuam muito mais altas do que as de seu predecessor, George W. Bush, antes das eleições de 2008, mas caíram em ambos os lados do Atlântico. Entre os europeus, a aprovação é de 78%, menor do que os 83% de 2009, enquanto 52% dos norte-americanos ainda apoiam seu presidente, cinco pontos a menos do que no ano passado.

É interessante que as taxas de aprovação de Obama na Turquia caíram nos últimos 12 meses, de 50% em 2009 para apenas 28%. De fato, uma das principais descobertas da pesquisa deste ano é o tanto que o país parece estar se distanciando do Ocidente. A nova assertividade da Turquia no cenário da política internacional com certeza tem sua influência – assim como o novo foco na identidade regional. A pesquisa deste ano revelou que a porcentagem de turcos que dizem que o país deveria cooperar mais com outros países do Oriente Médio dobrou nos últimos 12 meses, de 10% para 20%. Ao longo do mesmo período, a quantidade de pessoas que apoiavam a cooperação com a UE caiu de 22% para 13%. Apenas 6% sentem que a Turquia devem trabalhar lado a lado com os EUA nos assuntos de política internacional.

Em relação ao Irã, também, as atitudes dos turcos são substancialmente diferentes das da Europa e dos EUA. A porcentagem de pessoas que não se preocupam com o fato de o Irã obter armas nucleares é de 48%.

Euro ceticismo

Dentro da União Europeia, a pesquisa descobriu que os problemas recentes da moeda comum europeia não prejudicaram a imagem positiva que a maioria dos europeus têm da UE. Entre os entrevistados dos 11 países europeus, 63% concordaram que entrar para a UE foi bom para suas economias. Mas apenas 38% sentiram que o euro foi um benefício. A maioria dos franceses (60%) e dos alemães (53%) disse que o euro havia prejudicado suas economias, assim como metade dos entrevistados da Espanha e Portugal, dois países que foram atingidos duramente pela recente crise da dívida soberana.

A pesquisa também descobriu que a tendência de diminuição do interesse em participar da UE continuou na Turquia. Apenas 38% dos turcos acreditam que entrar para o bloco de 27 países será uma coisa boa, um número menor do que os 48% de um ano atrás ou 73% em 2004.

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